
MG: lei que reconhece atividades religiosas como essenciais é sancionada
Norma prevê que as práticas religiosas devem seguir as regras impostas pelas autoridades competentes em períodos de calamidade pública
Mais lidas
compartilhe
Siga noFoi sancionada pelo governador Romeu Zema nesta sexta-feira (27/9) a Lei 24.994, que classifica as atividades religiosas como essenciais em situações de emergência ou calamidade pública no estado.
A norma é resultado de um Projeto de Lei (PL) de 2020, que reconhece igrejas e templos de qualquer culto como atividades essenciais durante períodos de calamidade pública, desde que essas condições sejam formalmente reconhecidas pelo poder público. A lei também estabelece que as práticas religiosas devem respeitar as diretrizes impostas pelas autoridades competentes. O PL foi aprovado pela ALMG no dia 4 deste mês.
Ao apresentar o projeto, no início da pandemia de Covid-19, o deputado Carlos Henrique (Republicanos), autor do PL, destacou a importância dessas atividades para o apoio à população em situações emergenciais. "Além da assistência social, o papel dessas instituições é fundamental, pois oferecem atendimentos presenciais que ajudam as pessoas a lidar com suas emoções em momentos de necessidade", justificou o parlamentar na ocasião.
27/09/2024 - 18:47 PBH instala botão de emergência no Parque Municipal 27/09/2024 - 19:48 MG: motocicletas furtadas em São Paulo são recuperadas em Minas Gerais 27/09/2024 - 20:29 Carro fica prensado entre caminhões no Anel Rodoviário
Suspensões e flexibilizações
Durante a pandemia, diversas igrejas e templos religiosos em várias cidades mineiras foram proibidos de funcionar. Embora permitidos para orações individuais, esses locais suspenderam a realização de cultos e reuniões para evitar a proliferação do vírus. Nesse período, foram registrados casos de interdição por descumprimento das regras e aglomerações.
Em Belo Horizonte, o decreto 42.029/2020, assinado pelo então prefeito Alexandre Kalil (PSD), determinou que estabelecimentos com potencial de aglomeração, como feiras, casas de shows, shoppings e igrejas, estivessem proibidos de abrir desde o dia 21 de março.
Em março de 2021, uma nova decisão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) permitiu o funcionamento de serviços essenciais, incluindo cultos religiosos, desde que seguissem os protocolos sanitários. Na ocasião, a Arquidiocese de Belo Horizonte informou que as igrejas católicas funcionariam normalmente, cumprindo todas as diretrizes de prevenção à Covid-19.
A diretriz da Arquidiocese, que abrange paróquias em 27 municípios além da capital, ressaltou que todas deveriam seguir as recomendações das autoridades locais, já que reuniões, retiros e demais iniciativas estavam condicionadas às regras impostas pelas autoridades sanitárias de cada cidade.
Entretanto, devido ao aumento de casos da doença, foi decretada, em março, a suspensão e/ou restrição de comércios considerados “não essenciais”, incluindo a venda de alimentos em veículos automotores, atividades presenciais em escolas e cultos, missas e outras atividades religiosas de caráter coletivo.
- Carreta bate em pontilhão e fecha BR-365 em trecho urbano de Uberlândia
- Queimadas: Santuário em Caeté suspende visitação
- Búfalo é resgatado dentro de piscina
As “idas e vindas” entre o fechamento e a reabertura das igrejas geraram uma onda de discussões e insatisfações, tanto entre os fiéis, independentemente da denominação, quanto nos debates políticos. Com os templos fechados e o cancelamento de cerimônias ao ar livre, as instituições religiosas tiveram que se adaptar, transmitindo suas programações pelas redes sociais para manter o público engajado nos cultos.
Cidades históricas, como Ouro Preto e Mariana, na Região Central do estado, promoveram as festividades da Semana Santa por meio de vídeos, sem a presença física dos fiéis.
Vereadores de Belo Horizonte também organizaram reuniões para discutir o impacto das medidas do Executivo nas instituições religiosas. Um dos encontros foi solicitado pelo vereador Autair Gomes (PSD), presidente da Frente Parlamentar Cristã da Câmara, com o intuito de entender como as regras de distanciamento social se aplicavam aos templos e a possibilidade de encontros entre grupos reduzidos de pessoas.
Finalmente, entre maio e abril do mesmo ano, as restrições começaram a ser flexibilizadas, permitindo a reabertura gradual de setores que haviam suspendido suas atividades devido às medidas de enfrentamento e prevenção ao coronavírus, desde que respeitadas as normas sanitárias, como distanciamento e controle do fluxo de pessoas.
Novo reconhecimento
Com a nova lei sancionada e publicada no Diário do Executivo, as atividades religiosas de qualquer natureza serão consideradas essenciais em períodos de crises reconhecidas pelo poder público devido a desastres. Para o funcionamento dessas atividades, devem ser observadas as normas estabelecidas pelas autoridades competentes.
O Padre Thiago Augusto da Costa, Vigário do Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte, destaca que a norma reconhece a importância dos serviços e da missão religiosa para o desenvolvimento da sociedade e o bem-estar individual. “A fé é indispensável para alimentar algo que o mundo está sedento: a esperança. A religião é o ambiente propício para a emersão desse discurso, independentemente da denominação, especialmente no Brasil, onde a fé é um valor fundamental”, afirma.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Além disso, ele enfatiza que esse reconhecimento traz uma responsabilidade para aqueles que professam sua fé: “Para que a fé seja realmente essencial, precisa estar em exercício. É fundamental que cada um possa dar seu testemunho em qualquer momento, mesmo durante calamidades ou adversidades.”