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Estado de Minas CORONAVíRUS

Governo determina reforço

Ministério da Saúde decretará medidas, que serão adotadas na semana que vem, para melhorar a atenção básica, capacitar UTIs e regular normas de isolamento. Casos de infecção sobem a 13


postado em 07/03/2020 04:00 / atualizado em 06/03/2020 21:44

No Pará, orientações para prevenção da doença foram intensificadas, seguindo alerta do Ministério da Saúde para reforçar formas de lidar com o surto (foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará)
No Pará, orientações para prevenção da doença foram intensificadas, seguindo alerta do Ministério da Saúde para reforçar formas de lidar com o surto (foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará)

Brasília – Com o avanço do novo coronavírus, o número de casos confirmados de contaminação no Brasil subiu para 13, de acordo com atualização feita ontem pelo Ministério da Saúde. Até segunda-feira, o Brasil tinha registrado oito casos de infecção pelo COVID-19. Dos cinco novos casos, quatro foram identificados em São Paulo, onde o número subiu de seis para 10 em um dia. Os outros três casos foram registrados no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e na Bahia, que teve o primeiro caso confirmado ontem.

O ministério informou que os cinco novos casos confirmados são importados, ou seja, são de pessoas que chegaram de viagens para fora do país. Há registros de pacientes que viajaram para Itália, Reino Unido e Estados Unidos. O caso verificado na Bahia, por exemplo, é de uma mulher de 34 anos, moradora de Feira de Santana, que retornou na Itália em 25 de fevereiro. A paciente visitou as cidades de Milão e Roma e manifestou os sintomas depois de chegar ao Brasil.

Todos os casos confirmados – à exceção da paciente de 13 anos que permanece assintomática – estão em isolamento domiciliar. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que será necessário fazer algumas mudanças na maneira de como o país lida com o vírus. “Chegamos em uma fase em que a orientação de fazer nexo com o país de transmissão, no caso de um país como o Brasil, não faz mais sentido”, disse Mandetta.

“A partir de agora, vamos fazer nexo de viagem do exterior chegando ao Brasil. São 198 voos internacionais que chegam ao Brasil por dia. Com esses números, não vamos mais pedir que as pessoas façam o nexo por país, mas sim de viagem internacional voltando ao Brasil”, completou.

O diretor do departamento de imunização e doenças transmissíveis, Júlio Croda, explica que a medida facilita a vigilância de saúde para classificar esses casos como suspeitos ou excluídos. “Não precisamos ficar checando em que país estava, fica mais fácil e isso produz mais eficiência para o sistema”, destaca.

Mandetta disse ainda que medidas que reforçam a atenção básica devem ser tomadas na próxima segunda-feira para auxiliar o enfrentamento do novo coronavírus. “A porta de entrada é pela atenção básica. Na segunda-feira, a gente deve editar novas medidas de reforço da atenção primária, para abertura em horários estendidos, para o chamamento de médicos para esse programa Mais Médicos”, afirmou.

Além disso, uma portaria que disciplina a lei que fala de isolamento domiciliar deve ser publicada pela pasta e a habilitação de UTI’S também foi mencionada pelo ministro. O número de casos suspeitos no Brasil também continua a crescer. Até o momento, 768 casos são considerados suspeitos e aguardam exames para serem descartados ou não. Entre eles, está o de uma moradora de Brasília, que está internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e teve um primeiro teste, feito por laboratório particular, com resultado positivo. A contraprova que confirmará ou não a doença será feita em São Paulo. No Brasil, 480 já foram descartados.

Na segunda-feira, o Ministério da Saúde confirmou que dois dos novos casos de São Paulo pegaram o vírus a partir do primeiro paciente confirmado no país, um homem de 61 anos, que viajou para Itália. Segundo a pasta, esse fato configura a primeira transmissão local do vírus no Brasil.

Transmissão


De acordo com o último boletim divulgado ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nas Américas, somente Canadá, Estados Unidos e Equador estão na lista de países com transmissão local. No último boletim, o Brasil ainda é classificado como um país que só tem casos importados, mas a classificação deve mudar de patamar em nova atualização feita pela OMS.

O ministério reforça ainda que não há transmissão comunitária dentro do país, já que esse tipo de transmissão ocorre quando não se consegue mais identificar onde se originou a transmissão do vírus de determinado caso confirmado. No entanto, Julio Croda, acredita que isso pode acontecer brevemente.

“Não temos essa confirmação de transmissão comunitária no Brasil e isso muito provavelmente deve ocorrer nos próximos dias. Não temos como precisar quando. Mas acreditamos que deve ser uma questão de dias mesmo porque existem diversos relatos de pacientes que são assintomáticos que podem transmitir o vírus”, indicou.

Em Morada de Laranjeiras, em Serra, no Espírito Santo, um paciente com suspeita de contaminação pelo novo coronavírus foi atendido no Hospital Estadual Dr. Jaime S. Neves. O número de casos suspeitos naquele estado subiu de 531 para 636. Foram descartados 378 registros analisados.

“Não há motivo para pânico”, diz Bolsonaro em rede nacional

O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento na noite de ontem para tranquilizar a população a respeito da chegada do novo coronavírus no país e convocar os brasileiros, em especial os profissionais de saúde, para um trabalho conjunto com o governo para superar a situação. O primeiro caso foi confirmado pelo Ministério da Saúde no fim de fevereiro, e, segundo o último boletim publicado ontem, o país conta com 13 pacientes infectados pelo vírus e 768 casos suspeitos.

O Brasil foi o primeiro país da América do Sul a lidar com a enfermidade e, de acordo com o presidente, reforçou o sistema de vigilância em portos, aeroportos e unidades de saúde. Bolsonaro destacou que o governo também vem transmitindo informações diárias e transparentes a estados e municípios.

“Determinei ações que ampliam o funcionamento dos postos de saúde, bem como reforço aos nossos hospitais e laboratórios. O momento é de união. Ainda que o problema possa se agravar, não há motivo para pânico. Seguir rigorosamente as recomendações dos especialistas é a melhor medida de prevenção”, disse o presidente.

Em Brasília, a paciente do Distrito Federal com teste positivo para o novo coronavírus está internada em uma área isolada da enfermaria do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A mulher, de 52 anos, estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Daher, no Lago Sul, e teve a transferência autorizada para a rede pública de saúde da capital na quinta-feira.

Ainda na quinta-feira, a Secretaria de Saúde encaminhou material colhido da paciente ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para que seja realizada a contraprova do exame que detectou o vírus na mulher. O resultado deve ficar pronto amanhã, e o caso passará a ser contabilizado pelo Ministério da Saúde.

A mulher deu entrada no Hospital Daher na quarta-feira. Ela apresentava astenia (perda de força física), prostração, inapetência, tosse predominantemente com secreção e dispneia (falta de ar) aos mínimos esforços. Caso o quadro clínico apresente melhora, ela será autorizada a continuar em acompanhamento domiciliar. A mulher chegou à capital em 26 de janeiro, após uma viagem à Inglaterra e à Suíça. Agora, a pasta tenta identificar outros parentes que tiveram contato com ela e pessoas que estiveram nos mesmos voos que a mulher.

Exigências


Como o Estado de Minas apurou, a enfermeira que fez a triagem da paciente no Pronto Socorro do Hospital Daher está isolada em casa. De acordo com o protocolo, ela deverá ficar duas semanas na residência em observação, sendo monitorada para sintomas da doença.

Além da funcionária do Daher, a Secretaria de Saúde decidiu pelo isolamento domiciliar do marido da paciente. Ele também cumprirá as mesmas exigências que a enfermeira. A pasta não informou se outros funcionários que tiveram contato com a mulher passarão pelo procedimento. 

Em São Paulo, a chegada do coronavírus no Brasil está modificando a rotina dos funcionários no Aeroporto de Guarulhos e criando novos hábitos entre os passageiros. Os trabalhadores usam novos equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras e luvas. Os viajantes incorporaram novos itens antes de fechar a mala para viajar: o álcool gel, e também as máscaras.

A estudante de Nutrição Jordana Oliveira Costa acabou de retornar de viagem ao exterior. Ela comprou uma caixa com 50 máscaras quando viajou para os Estados Unidos para passar as férias com a tia, Sirlei Costa. Lá comprou mais.  (Com agências)

Apelo por mais verba

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou, ontem, que a pasta deve necessitar de novos recursos para enfrentar a epidemia do novo coronavírus, mas voltou a dizer que ainda não há como precisar o montante extra que poderá ser requisitado. “Não tenho números (sobre recurso extraordinários), isso parte de cenários, este ano o orçamento tem características diferentes de anos anteriores”, disse o ministro, lembrando que já teve conversas com o Congresso Nacional sobre o assunto. Mandetta acompanha como os governos de outros países trabalharam com os gastos extra. “Pode ser um R$ 1 bilhão, R$ 3 bilhões, R$ 5 bilhões, não há como saber ainda”, disse.
 



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